Liberdade de expressão se tornou conceito em disputa entre os espectros ideológicos
Liberdade de expressão se tornou conceito em disputa entre os espectros ideológicos
22 Mar
Liberdade de expressão se tornou conceito em disputa entre os espectros ideológicos
A liberdade de expressão é acompanhada do acesso à informação e liberdade de pensamento. Internacionalmente, é um direito considerado especial, com restrições limitadas, conforme explicou diretora executiva da organização
Conectas Direitos Humanos. As restrições são aplicadas, por exemplo, para proteger a ordem pública e a reputação de pessoas.“Todos os direitos são relativos, pois sempre estão em disputa com outros, não é uma particularidade da liberdade de expressão. Mas há duas concepções sobre ele: a liberal, ou seja, sem intervenção estatal; e outra igualitária, que não desconfia do Estado, se ele tem papel de corrigir desigualdades”, explicou.
A proibição ao discurso de ódio também aparece como uma limitação possível.
Para defini-lo, seria preciso determinar a extensão da fala que incita violência ou ódio, o quão direta ou violenta é, e qual a possibilidade real de os danos acontecerem. Nesse sentido, a Convenção Interamericana contra o Racismo, ratificada pelo Brasil em maio deste ano, prevê a obrigação de o poder público limitar a circulação de expressões de ódio. “Não se trata necessariamente de medidas penais.
O Estado precisa tomar ação, que não censura prévia, mas reparações”, afirmou Kweitel.Apesar da urgência contemporânea, a ideia de liberdade de expressão é encontrada pelo menos a partir do século 17, segundo o filósofo Fernando Schüler, ex-secretário de Justiça e Desenvolvimento Social do Rio Grande do Sul. “A liberdade de expressão é um tema difícil, porque tolerar o outro é difícil. A grande temática no início do uso do tema era a divergência religiosa”, afirmou.
“Muitas das discussões que temos hoje são reproduções, de contextos diferentes, mas com conteúdo muito antigo”, completou
.Aliada à liberdade de expressão, há garantias ao exercício da imprensa, que enfrentam novos obstáculos, também como resultado das disputas sobre o conceito. “Nossa preocupação é com a censura prévia, quando algum agente estatal impede a publicação.
A supressão posterior poderia invocar outros direitos, sem que seja censura”, presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji).
Nessa seara, ele aponta proibições judiciais à publicações, que estão se avolumando.Mas há ainda outras preocupações. “
Um recurso contra a liberdade é acionar a Justiça até centenas de vezes para que o jornalista precise responder diversos processos, o que se torna um transtorno”, afirmou.Um comportamento mais recente, que tem as redes sociais como catalisador, são assédios contra jornalistas pela publicação de conteúdo em que há discordância: “
A imprensa passou a ser usada como um espantalho pelos discursos de políticos de várias ideologias”.