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16 Dec
Lula começa entrar em sua própria armadilha não é Privatização e Capitalização

Sera isso que será oferecido ao próximo Governo uma Capitalização das Estatais ou seja Caixa Econômica Petrobras. Eletrobrás o projeto e o mesmo direcionar a paz com tapa de pelúcia e dando só povo uma ilusão do que as ações assistência e um remédio para solução do País 

  1. Reformismo fraco ou intervencionismo fraco?

    O conceito de “revolução passiva” de Gramsci é referência chave para Singer, na medida que expressa o sentido de uma transformação vagarosa, sem ruptura com o passado e gestada pela coalização heterogênea entre setores modernos e tradicionais da sociedade. Assim, as mudanças sociais poderiam ocorrer, desde que não ameaçassem a Ordem dominante. Dessa forma, Lula mantém no seu primeiro mandato a política econômica do governo FHC que beneficia os investidores e, ao mesmo tempo, aproveitava-se do boom das commodities para promover políticas distributivas, dando aos pobres sem tirar dos ricos. Como disse Singer, ele promoveu a “redução da pobreza e da desigualdade, mas sob a égide de um reformismo fraco”

    Ainda segundo Singer, o boom das commodities possibilitou também que Lula sustentasse o programa próprio do lulismo no seu segundo mandato através de um plano econômico de caráter neodesenvolvimentista – e que foi intensificado por Dilma em seu primeiro mandato – rompendo, assim, com a matriz econômica de FHC. O lulismo é, nesta perspectiva, a tentativa de realizar dentro da ordem mudanças que beneficiam a população. Para coordenar a coalizão político-institucional, Lula fez como FHC: optou por obter a adesão fisiológicas das correntes e personalidades do baixo-clero e, aliado a esse grande bloco de apoio parlamentar, implementou o seu reformismo fraco

    Há que se reconhecer que, sim, políticas sociais de natureza focalizada (focadas nos mais pobres entres os mais pobres, como os organismos financeiros internacionais recomendam) foram implementadas no período em que FHC esteve no governo, mas, com Lula, “elas ganharam uma dimensão muito maior. No ponto máximo dessa trajetória, o programa Bolsa Família atingiu cerca de 50 milhões de pessoas, ou ¼ da população do país”. Combinado a isso, foi promovido “uma pequena mas contínua elevação do salário mínimo, combinada à ampliação do crédito”, o que ampliou a capacidade de consumo dos setores mais pauperizados da classe trabalhadora.

    Entretanto, anos depois, por conta das escolhas dos governos petistas e, concomitantemente, o avanço da direita, a parcela da população que havia saído da miséria, parte dela retorna a essa condição terrível de exploração e expropriação. Segundo dados da LCA Consultores, empresa especializada em consultoria econômica do Brasil, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita passou de R$ 8.519 para R$ 7.559, o que significa que recolheu 11,3% no período de 2013 a 2020

    O chamado “reformismo fraco” do lulismo foi, na realidade, políticas de governo, e não de Estado – e que não afetaram as estruturas da reprodução sociometabólica do capital, assim como não atenderam as reivindicações históricas da classe trabalhadora. Neste sentido, ao invés de reformas, não passaram de intervenções progressistas, ou, como preferimos chamar, não passou de um “intervencionismo fraco” que, de fato, promoveu parcial e temporariamente a melhoria na qualidade de vida de milhões de brasileiras e brasileiros, mas, sem afetar o status quo. Nesse processo, houve transferência de renda para os mais ricos e o próprio Lula admitiu isso, com certo orgulho, vale dizer. Em março de 2016, quando o governo Dilma estava no parapeito do fim por conta do golpe que estava sendo gestado, o ex-presidente Lula afirmou durante discurso na avenida Paulista que os banqueiros nunca ganharam tanto dinheiro como durante o mandato dele. “Só não imaginava que alguns ficariam com ódio porque um pouco do que eles ganharam nós distribuímos com os trabalhadores”, afirmou

    Essa socialização de riqueza para o alto se perpetuou nos mandatos de Lula, porque, desde a sua posse na presidência da República, em janeiro de 2003, evidenciou que o programa neodesenvolvimentista moderado havia sido abandonado. Sua “Carta aos Brasileiros” – que poderia ser melhor denominada de “Carta aos banqueiros” –, lançada durante a campanha eleitoral, “assumiu peremptoriamente compromissos com o grande capital, de tal forma que atraiu tanto apoio empresarial (leia-se, “doações” de campanha) quanto seu adversário, José Serra, candidato pela situação, do PSDB”

  2. Trouxe para chapa como vice-presidente José Alencar Gomes da Silva, um dos maiores empresários do ramo têxtil no país, representando o Republicanos, um partido dominado pela maior igreja neopentecostal do país, a Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd).
    Os compromissos assumidos na Carta foram, honrosamente, cumpridos ao Lula chegar à Presidência. Os sistemas de metas de inflação, superávits primários e câmbio flutuante, que eram as linhas mestras do regime de política macroeconômica do governo FHC, foram mantidos pelos governos Lula. Além disso, o petista realizou, dentre outras medidas, a nomeação para os principais cargos da área econômica nomes representantes do grande capital, como Henrique Meireles, nomeado para o Banco Central, o qual havia sido eleito deputado na ocasião pelo PSDB, após décadas de serviços prestados como um dos principais executivos do Banco de Boston. Lula também foi o criador em 2003 do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o qual era composto por técnicos do governo, representantes de organizações sociais, dirigentes sindicais e representantes dos diferentes setores empresariais. Em 2005, foi criado o Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial, sendo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior o responsável por sua secretaria-executiva. Representantes empresariais, dirigentes sindicalistas e organizações sociais também compunham esse conselho.
    No entanto, não bastava a submissão religiosa ao capital, o que já era marca dos governos do PSDB. A ascensão de Lula e do PT ao poder representou também o aplacamento das lutas sociais, além de aparelhamento de mecanismos de luta da classe trabalhadora, como as centrais sindicais, aos interesses do governo, acompanhado do isolamento da esquerda anti-capitalista. Quando Lula chega ao poder, já se acumulava no partido uma trajetória de mais de uma década de experiências em que os dirigentes do partido ocupavam governos em executivos municipais e estaduais. O que ao longo dos anos transformou o PT numa máquina movida pelos interesses dos dirigentes, burocratizados pela participação contínua em gestões sindicais e governamentais.
    O transformismo no PT
    As origens disto estão em fatores externos e internos, sendo os externos relacionados, principalmente, com as mudanças na aplicação do projeto de poder neoliberal, que, diante da crise conjuntural dos anos 1990, “o neoliberalismo foi forçado, por conta das crises financeiras e resistências anti-sistêmicas, a rever suas posições políticas e ideológicas diante da ‘questão social’”, segundo Rodrigo Castelo. Em decorrência disso, emerge o social-liberalismo, enquanto “variante ideológica do neoliberalismo que surgiu para recompor o bloco histórico neoliberal dos pequenos abalos sofridos pelo capitalismo”

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